Poema de casamento

Estas taças de vermelho retinto,
de vestir o sangue tinto das uvas,
são do meu puro desejo tingido
de felizes noites de mesa farta.

Que não se parta o pão sem amor
e a compreensão sem o decoro da verdade.
Que a vontade de caminhar a passos largos
encontre embargos suaves nas curvas da estrada.

Sonhada data esta, de champanhe, riso e festa,
de memorias de porta retrato, de fato memoráveis,
recordáveis a cada saudade que chega de assalto
do alto das neves de idades distantes.

E os infantes virão, os farão pais,
e mais, no decorrer de alguns anos, avós.
A sós, no abrigo da cama, rirão baixinho
ao perceberem que o tempo da onça está a caminho.

São Paulo