Do mundo, do mar,
Seca lágrima, pano chão encardido,
Amarelecido gosto sal.
Esfregar pensamentos, vida,
Limpar tudo, eu, nós,
Divagação, navegação,
Hospício, queda,
Degeneração, regeneração.
Buscar Aisha que caiu, feito Pequeno Príncipe,
Le Petit Prince, Antoine de Saint-Exupéry,
Da ladeira estrelada da noite e do céu
Intuição avisa, trabalho não acabou,
Limpar suor, testa, no avesso do avesso de mão trocada,
Escuto, sem ajuda de ostras,
Espuma das ondas encosta-se nos cabelos, docemente,
Trazida, vento, sopra sobre face,
Irresistível!
Contemplo horizonte, mesmice, beleza esvanecente,
Novidade ancestral recolhida hábitos de dia,
Aquelas tardes insondáveis de América Latina, ameríndia,
Entre Gabriel García Márquez e Miguel de Unamuno y Jugo,
Niebla de mañanita,  madrugadita,
Después crepusculito de estrella incandescente
Nome teu ficou na tecedura das horas, trançar solitária alma,
Atenção detalhes flor, rosa musgosa, amor, quatro gotas de rosa marroquina.
Paciência do trançado dos lados, dos teus e dos meus, romântico abraço,
A dedicação, exclusividade, sonho, acordado.
Acordar!
Quem ditou isso para alma?
Volto, absorto, limpar chão cada dia,
Grande navio, pequena vida,
Deus escutará?
Olha... Sujeira... Pronto... Acabou lida...
Relógio bolso esquerdo camisa,
Coração despenca alturas,
Aperto coração... Acabou...
Braço direito adormeceu.
Reviraram-se os olhos.
Corpo cai, o pano cai, Alighieri cai. 
 

Uma pequena especulação sobre a queda.

Bagé, 28 de março de 2007

Claudio Antunes Boucinha
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