Marcas



 " -¡Dónde está! -preguntó alarmada.
-¿Qué?
-¡El animal! - aclaró Amaranta.
Úrsula se puso un dedo en el corazón.
  -Aquí -dijo."




(Garcia Márquez - Cien años de soledad)

 

 

Quando teu Garcia Márquez sem capa
caiu da prateleira
e teu corpo
serpenteou para pegá-lo

Não poderias prever
que a divisão dos teus medos
constava de monossílabos
e pequenos estilhaços.

Se tu tivesses me previsto
eu não seria tua pintura
impressionista.

nem Maria,

- por Eça, tão perfeitamente construída -

cruzando, com rubro guarda sol,
as ruínas do teu fado.

se teu Cem Anos de Solidão nao caísse no meu colo
assim,

como dado viciado do destino,
e a mancha não nos tivesse violentado

eu não te diria que o escuro tem braços,
e, somente nós não sabíamos.

se tu me soubesses antes disso
eu nem saberia do teu abraço
nem da marca indelével,
de um sabor que não cruza a calçada

feita de manhãs e cafezais
pintado num passado amanhã despedaçado:

no dia em que teu garcia márquez sem capa
caiu da prateleira
em meu corpo

que, com fúria de pó e fera,

aninhou-se para entregá-lo.


(Jessiely Soares)

Bananeiras, Paraiba - Abril/2009