SONETO DO AMOR FUGAZ

 
Entristecido, do bordado infinito,
Ou me despeço, ou quiçá, inda te chamo,
E à imensidão aterradora me repito:
Pertenço sou, se a ti me dou ou se te amo.
 
Se desse amor que ora me vê em desengano
Brota o espasmo do vazio num novo grito...
Deste arpéu que em ti me tem, laço profano,
De libertar-me o coração jamais insisto.
 
De enfeitado rarefeito é nosso pano:
Pontos de luz, roucos momentos de alcova,
No interstício vastidão vazia em prova.
 
Bem engastada na agulha da paixão
Costuro, fiando-te, flexível saudade,
Os luminares pontos de felicidade.

Manito O Nato
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