Sempre esqueço de ter de lhe esquecer

Quanto tempo levarei até esquecer?
Quantos minutos, semanas até se tornar simplesmente suportável viver?
Quantas encarnações precisas até meu corpo e mente reaver?
Quantas lágrimas até dar-me conta que existe um Eu após o “Eu e você” ?

Parece agora infindável
A agonia se prolonga, a apatia é palpável
A saudade em meu olhar inegável
A fragilidade ante tua presença fato imutável

Ignorante ou não à isso?
Consciente ou não de teu feitiço?
De posse ou não se será ele a meu coração o golpe fatídico?
Esperar eu ou não por teu consolo amigo?

Tento, nem sei, mas paro
De te esquecer me distraio e volto a este sofrer sem amparo
Contra qualquer promessa de auto-reconstituição, minha recusa disparo
A exclusividade de meu sentimento não se esgota em meio ao transporte entre minhas veias de sangue já ralo

Tento lembrar de meu Eu de antes, desisto!
Não realmente existia, sempre numa procura errante, num desassossego explícito
Tornaste minha alma um objeto conciso
Sem perceber doou-me a calma que sempre neguei ter comigo

Minutos de reflexões pouco mais de meio milênio de dias exclusivamente ao teu lado
Sem perceber, mudei por completo de estado
Desejava meu presente,tinha teu sorriso como um escudo protetor alado
Mas minhas atitudes como sempre mimadas e imprecisas trouxeram-me novamente a este ato de agonia calado

Tua falta a sinto por demais
Me conceber sem ti o tento,há tanto, mas pareço ser incapaz
O amor que me doaste com tanta devoção e desapego foi motivo até então inconsciente do que presenteou meu coração com a paz
Sei ser tu meu destino, mas longe em todos sentidos estás, quase enlouqueço ao revisar a realidade e admitir que o “nós” não será reavido jamais!

09/01/05