Conta uma velha lenda
que um lenhador
querendo fazer uma oferenda
ao seu Senhor
levantou de madrugada
e numa prece de louvor
saiu pela estrada.
Era tão desprezada
aquela parte da mata
daquelas sempre ocultadas
onde ninguém dá valor..
Íngreme, acidentada,
até então, inviolada,
nada chamava atenção...
Por isso, quase encantada,
conservava-se em sons,
que ninguém escutava..
Por lá, numa encosta incrustada
em pedras e um arrebol,
foi-se o homem pela estrada
que rasgava com as mãos
fazendo sulcos nas matas
por onde também adentrava
o brilho nascente do sol.
Desceu pelas pedras, escorregou numa delas
e seu corpo deslizou
bem ao fundo, escura aresta
arrastando galhos nas mãos.
Lá em baixo, tão profundo
pensou ser o fim do mundo
mas era justo o lugar
onde a jornada iniciou..
E o vento de todo sorvendo
o som de gargalhadas
acabou com a madrugada
que de sol enfeitava
o mundo onde passava
num sussurro de amor...
imagem do google
....poema escrito em 2002..
© Todos os direitos reservados