Depois da queda, cavo fundo meu próprio abismo
Espécie humana decepciona, subprodutos universais
A evolução do Homo narcisus potencializa meu ceticismo
Excrementos da criação alimentam meu ser
Serpentes em sonho me mostraram caminhos reais
Meu dever superior de um eterno devir
Casca da grande árvore a ser trocada a cada ciclo

Do Pentateuco ao pentagrama minha carne arde
Na calada da noite a chama dança sem dar alarde
O pecado é uma virtude injustiçada
Um Prometeu acorrentado em uma cruz
Nas trilhas mais escuras melhor enxergo a luz
Das linhas escritas em pedra lapido minha espada
A decepar o falso ouro que reluz e a massa fraca seduz

Amigos usam máscaras, em teatro colossal
A noite lacerada por seus longos punhais
O fogo é sufocado por amores canibais
Minha imagem elevada em um alto pedestal
Enquanto cães em vão se cruzam, ladrando à lua nova
No fundo querem roer meu osso, mas farei cavarem sua própria cova
Esta é o que há de fundo em seu caráter diminuto

Em roda de oração, dentro do coração, confunde Choronzon
Dentro de quarto um corvo voou, pelo cheiro de morte que sua vida exalou
Veneno abissal corrói as entranhas do anjo
Asas sujas tocam as pedras, com um estridente e ácido arranjo
Água turva à vista, eis onde meu reflexo se torna mais nítido
Das ruínas do fui, torno-me aquilo que sou
Em sonho real, oniro pragmático, ego drakón!