Dias de gosto repetidamente rotineiro,
de brisa morna, dentro da norma e normalidade,
dentro da formalidade que não se deforma.
Quero reforma na forma de existir,
explodindo o dia-a-dia em mil pedaços
e que os laços se desatem e formem outros.
Dias de gosto repentinamente passageiro,
dissabores breves, greves de humor
nas fábricas do ânimo alheio.
Anseio o providente esteio das horas
esvaindo o brio do tempo inegavelmente vazio
em que não há meio que se use como freio.
Dias de gosto redundantemente ofertado,
desgosto enlatado a gosto do cliente
para se consumir em todos os dias de agosto.
Observo os rótulos e prazos de validade
questionando o predicado das descrições
ensalmourado na conserva de um porvir qualquer.
Dias de gosto retumbantemente anêmico
mal súbito epidêmico nos olhares difusos,
de fusos contrários, pareados mas solitários.
Saio para o passeio na cadeira de rodas,
nas rodas do carro ou roda-gigante,
mas para seguir adiante é preciso rodar, incessante.
São Paulo
Licença
Sob licença creative commons
Você pode distribuir este poema, desde que:
- Atribua créditos ao seu autor
- Distribua-o sob essa mesma licença