Hoje, ao mundo direi poesia,
Das mais belas talvez, ou talvez nem termine,
Pois da alma o silêncio que ainda retine
Traz metade do todo que há tempos pedia:
E a metade do resto guarda para outro dia!

Na sequência das noites se vai revelando
O nuance das letras que nunca termina,
As vozes, o som dedutível das rimas,
Como alguém já chegado vai serpenteando:
Falando e calando, falando e calando...

Esta cena não deixa meu ser desolado,
Nem sequer a ansiedade de ouvir esta rima.
Mas saber que preciso ter tudo acabado
Pra poder dar título à minha obra-prima
Me faz detestar estes versos calados!
(Quando enfim saberei como a história termina?)

E na ânsia de ouvir tudo bem terminado
Me perco na angústia de um homem com pressa.
E os versos, outrora metade quebrados,
Me impedem de ver como tudo começa!
(...)