ACRÉSCIMOS E DECRÉSCIMOS

 ACRÉSCIMOS E DECRÉSCIMOS
Por: William Vicente Borges
 
Acrescentamos potência aos nossos carros
E perdemos vidas em ferragens contorcidas
Acrescentamos alturas aos nossos prédios
E amontoamos  escombros terroristas
Acrescentamos bits aos nossos computadores
E perdemos o calor das companhias
Acrescentamos lojas nos shoppings
E enfartamos com nossas dívidas
Acrescentamos “amigos” em nossas redes sociais
E perdemos o tempo com fantasias
Acrescentamos satélites no espaço
E nãos nos reconhecemos mais no espelho
Acrescentamos “botox” em nossa face
E perdemos a vergonha na cara
Acrescentamos liberdades demais
Que nem nossos filhos nos querem mais
Acrescentamos celulares em nossas bolsas
E nos perdemos em conversações frívolas
Acrescentamos em nossas “TVs” os canais
E perdemos as refeições ao redor da mesa.
Acrescentamos um tom azul à virilidade
E perdemos os amores eternos da mocidade
Acrescentamos em tudo nosso imediatismo
Que a paciência se tornou  coisa feia
Acrescentamos nomes as nossas religiões
E perdemos o verdadeiro cristianismo
Acrescentamos aos montes “tuitadas”
E perdemos a utilidade da prosas na praça
Acrescentamos os ídolos do Erotismo
E perdemos a inocência infantil
Acrescentamos senhas as nossas contas
E perdemos a fé na pessoa humana
Acrescentamos anos as nossas vidas
 E não vida aos nossos anos
Acrescentamos tantos prazeres à realidade
Que sonhar virou coisa de louco.
E nesta vil tarefa de acrescentar
Perdemos o amor pela conquista
Perdemos a alegria de compartilhar
Perdemos a vontade de ser
Pela inquietude do ter.
 
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Outono de 2011