Banho de Vênus
(Lhenrique Mignone)
 
 
 
 
Qual Deus espargindo sobre ti Suas bênçãos,
o sol se refrata ao atravessar o vitral de permeio
e colore teu corpo em gotas coloridas que refulgem
e brincam iridescentes na espuma em tuas mãos,
e se detêm indecente em teus pelos, em teu seio.
Semi-emersa na marmórea concha da banheira,
alva da espuma branca ora repleta de matizes,
tuas mãos infantes, por instantes que surgem,
percorrem teu corpo, brincante em detalhes, à beira
de encontrarem-se em ti, em suaves deslizes.
 
 
Alvas coxas submersas que se entreabrem, nas bordas
apoiadas, mas denunciadas por joelhos aparentes,
ilhas náufragas no oceano tinto de espuma colorida,
que ora calmo, sem ondas ou marolas unas ou em hordas,
esconde o cismo que se agiganta em movimento crescente.
Síncronas, se abrem e se fecham, se atraem e se repelem,
criam ondas Tsunami, tremores crescentes ao antes marasmo,
conduzindo-te a mundos incógnitos, a paragens perdidas,
ao mais íntimo de ti própria, ignoto por mais que te apelem,
à doce paz infinita que se segue às convulsões do repleto orgasmo.

Luiz Henrique Mignone
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