No vale de Abraão
e por toda a Mesopotâmia
sopram de novo os ventos
da contestação
recuperando do silêncio gélido
do crime no Gólgota
De novo rangem as carnes
no vale do sofrimento
De novo se ergue a voz
e se empunha o grito
silenciado por séculos
de manigância no Calvário
Já não há cores no Vale de Abraão
Já não há credos no Vale do Reno
Já não há raças no Vale da Morte
A cor é da raiva que contesta a má sorte
O credo é a do rumo que procura outro norte
E a raça é a do punho que enfrenta a trapaça
De novo rangem as carnes
No vale da desgraça
Onde não há cor
Nem credo
Nem raça
Apenas irmãos na desgraça
santos silva
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