SAUDADES

 
Lembro-me dos tempos que a gente se encontrava.
E de olho no relógio para saber que horas ficaríamos a sós.
Sempre uma dúvida, sempre um friozinho que dava.
Não custava a nos esperar mais um pouco.
E assim a gente esperava.
Lembro-me das vezes que saímos.
Íamos à rua beber.
Era bom, pois a gente desabafava.
E com o vinho na cabeça ficava,
Sem pudor te devorava.
Lembro-me dos jantares.
A lua acenava
E admirava nossos olhares.
Lembro-me das viagens.
Aproveitávamos o dia sempre juntos
Na praia você adoçava todo o mar.
Eu ficava às margens
Na sombra, não queria queimar
Hoje percebo que isso não vivi.
Gostaria que fosse assim.
Já desisti.
Agora eu morri.
Quando escrevi você já morrera
Não queria dessa maneira.
Enganei-me a vida inteira.
Não!
Pensando bem, não vou desistir.
É de casa que tenho que sair.
Para o céu eu vou olhar
Tenho que arriscar
Não magoar
Mar
Amar
Vou andar
Sei que vou achar
Não vale a pena esperar
Mas à casa vou, pois pode ver
Sei que você me amou
E lá esperarei até você me acordar.
 

NOVA FRIBURGO - RJ