O ARQUITETO DE BELÉM

O ARQUITETO DE BELÉM

Um dia nestas plagas aportou,

 
vindo  das lonjuras européias.

 
Na Itália, Bolonha   foi seu berço,

 
sua fonte de saber, subido engenho.

 
 

 
Com uma trupe de notáveis, escolhida

 
por emissário do Reino português,

 
que sob D. José I proeminava,

 
e seus domínios  d’além-mar já demarcava,

 
 

 
Para a “quarta parte nova” o seu destino;

 
a norte de uma terra de entes fádicos

 
- onde um rio de encantamentos abismava –

 
de natureza exuberante, água farta, clima ardente.

 
 

 
Grão-Pará, a terra misteriosa

 
de encantos e recantos insondáveis,

 
de uma gente diferente, diligente;

 
uns se exibiam nus, outros em si cobertos.

 
 

 
Numa urbe mui pequena e graciosa

 
como nunca já houvera   conhecida

 
cativo de tal  magia se quedou

 
e dela nunca mais se deu partida.

 
 

 
Desse paraíso citadino flor nativa desposou,

 
se fez paraura do Grão, influente, celebrado;          

 
saber e engenho seus  aqui plantados,

 
deitou raízes, e a “atalaia do Norte” aformoseou

 
 

 
Fez palácios, fez igrejas, fez moradas,

 
monumentos de beleza inigualáveis,

 
que o distinguido arquiteto projetava

 
e a indiada já polida executava.

 
 

 
Obras tantas são, do Mestre, seculares:

 
Casa Rosada, Murucutu, Hospital Real, Governadores;

 
Templos do Carmo, da Sé, Conceição, Capela Pombo,

 
Santana, Rosário, Mercês, S. João Batista.

 
 

 
Homem de sólida erudição polifacética

 
acadêmico clementino, desenhador, régio arquiteto,

 
 também naturalista, capitão-mor, senhor de engenho,

 
Antônio Giuseppe Landi, o seu nome por completo.

 
 

 

 

Antônio Giuseppe Landi foi um extraordinário arquiteto bolonhês, formado em Bolonha e professor da Universidade e da famosíssima Academia Clementina, em sua cidade natal.
Veio ao Brasil contratado pela Corte portuguesa, sob D.José I e o Marquês de Pombal, fazendo parte da Comissão Demarcadora, composta por membros de múltipla e alta estirpe profissional, a fim de estabelecer os limites entre as terras sul-americanas dos reinos de Portugal e Espanha. Radicou-se em Belém, constituiu família e nunca mais daqui saiu, deixando obra arquitetônica civil e religiosa das mais notáveis, sendo considerado, hoje, um dos mais importantes e renovadores arquitetos mundiais de sua era.
Cultura polimorfa, foi também naturalista, produzindo trabalhos valiosos sobre a fauna e flora da região. (Maio 2004)
SÉRGIO MARTINS PANDOLFO
© Todos os direitos reservados