Meu castelo de conchas
Vazio ficou...
para que tantas pérolas...
se não tenho com quem dividi-las?
Rumores chegaram, como trovões...
Som de vozes espectrais...
Os navios naufragaram
em nossa costa cristalina,
somente os entulhos...
Que noite insensível,
meu nobre Baudelaire...
diante dos olhos da morte, o recuo,
Além das vossas forças!
Não vereis mais a luz, majestade?
Dias de escuridão, assombram...
As figuras tortas dos afogados...
Não podereis mais regressar?
Que tristeza! Meu senhor!
vós sereis o som dos abissais ...
saudade perdida nas brumas...
a fúria de um oceano turvo
a brisa lacrimosa, escondida...
Por toda a eternidade?
Sinto o ar salgado...
Os relógios d’areia
partiram-se no ar seco
Minh’alma com frio,
está a vagar pelo mar ...
...
“TANTAS RELÍQUIAS ESQUECIDAS
DORMEM NAS TREVAS ENRIQUECIDAS...
BEM LONGE DAS PÁS E DAS SONDAS
MUITAS FLORES EXALAM COM MEDO
O DOCE PERFUME COMO UM SEGREDO
EM SOLIDÕES DE ESPESSAS ONDAS”
Fragmentos de Charles Baudelaire
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