No fragor da luta insana a platéia vibra    
É o sangue que jorra aos borbotões
São homens que sustentam-se com fibra
O gládio destroçado entram os leões

Em tempos passados, tão sem razão
Homens  morrendo e o clamor da multidão
Os varões abatem-se, tais bestas ferozes
Sem piedade, sem pátria, em embates atrozes

Acreditam numa honra que nunca terão.
É o homem nesta busca por glórias,
Mas que sentido pode haver, ainda lutarão?
E se nenhum fica, de quem são as vitórias?

Quem sempre vence no final é a morte,
Irmã profana da loucura e da desilusão.
Lutar sempre e no final, apesar de ser forte,
Todos encontrarão o mesmo fim, destruição

Depois de cada dia os que restam em vida malsã
Esperam um outro, em que hão de enfrentar a sorte.
Seguindo na sina de viver sem sentido, vida cortesã.
Figurante no palco daqueles que anseiam pela morte.

Se outrora aceitou-se essa insanidade imensa.
De que vale a morte, amargurada e cruel,
Sacrificar sua vida sem razão e sem crença,
Se dos olhos do bravo nunca tirou-se o véu.

A história relata de todos guerreiros o mesmo fim.
Findar-se em desatino na mão do inimigo feroz.
Esse logo encontra o mesmo fenecer, que é de todos nós.
As glórias, malditas, são para sempre dos que ficam.

Como se pode, morrer por glória?
Como se pode, deixar seu nome na história?
Como se pode, finar deixando um corpo roto?
Como se pode, ainda esperar na morte a absolvição?

Que nunca acontecerá, pois morrer é para todos.
Viver sim: é para os bravos, é para os heróis,
Mas escolher morrer para servir é dado aos tolos,
Hoje, ainda acontece o mesmo, mas a morte é outra.

Ela é diária e fina-se o caráter nobre e a honra.
O homem deixa-se seduzir pelo brilho do ouro.
Enterra, antes do invólucro fétido, a sua essência.
O odor nauseabundo é o que exala da virulência.

Que devora toda a matéria sem sentido.
E o homem não vê que a tudo contamina.
Por trás da máscara esconde-se a tirania,
Jamais pensa no que ficará eternamente.

Sacia a ânsia de um corpo doente e febril,
Afeito a matéria para a qual é sempre servil.
Se na Roma a carne era sacrificada e ficava a chama.
Hoje, apaga-se a ela e cultua-se a carne podre e a lama.

Brasília – DF, 08 de agosto de 2009.
 

Claudio Reus
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