Nesse vazio infinito que absorve minha alma,
Sinto a imensidão do silêncio que me acalma.
Tudo que pressinto a minha volta é incoerente.
Resta essa terrível sensação de estar dormente.

Sou conduzido como se fora um barco a deriva,
Com o nada refletido nos meus olhos insanos.
O mar salgado ensopando meus ossos na estiva. 
Assistir ao escoar da vida causa meus desenganos.

O complexo ser que fui, sou ou serei, hora descansa
A margem da vida seguindo o seu longo percurso.
Não importa o caminho a vencer nem a distância,
Singrando e aproveitando da corrente o impulso.

Deixo-me levar, sigo sempre em uma mesma direção.
Ao longo do caminho deparo com formas indefinidas.
Sinto medo, mas sigo na inabalável viagem sem razão.
Pelo tempo que passa, vertendo lágrimas incontidas.

Por vezes sinto a satisfação que me cerca e contagia.
Embora passe pela vida como se dela estivesse à margem.
Vou rindo, brincando, chorando, vivendo a grande utopia,
Mas pelas águas procuro deixar refletida a minha  imagem.

Brasília-DF, 10 de outubro de 2009.

Claudio Reus
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