Oblivion. Banquo? Perfídia!

Recém-casados, fomo-nos festejar
a posse do Rei Duncan, com amigos,
cada qual com os seus.
Ele, meu amigo de infância, insigne com era, 
à surdina, a passos leves,
ia enamorar-se, como de costume, 
a cada vez enamorando uma qual.
Dei por mim e voltei à conversa, com um pouco de ciúme. 
Os tempos passaram e neles cinquenta
motivos afins... Cai-me a maturidade.
Deste cinquentenário de esquecimentos
e das promessas impostas por três profecias, atentaram aos frescores dos aborrecimentos e dos arrependimentos. Minha história foi cerrada pelo amor-vaidade dela,
uma das quatro espécies de amor de Stendhal,
que não marcaria um fim se o tempo fosse um adereço ou
uma ampulheta em nosso criado mudo sem despertador. 
Bem que ele poderia ser tagarela
ou um fofoqueiro vidente...
Porém seu silêncio me atordoa.
Ahhh fantasma facete! 
Ahhh perfídia,
Siward, Malcolm, Macduff.
Bruxos, ciganos, profanos, profetas da terceira profecia realizada. 
Cá revelo minhas lembranças, que nem meio século foi capaz de ofuscar as manchas de sangue de minhas mãos. No castelo do Rei Duncan, nas paredes, manchas tomam formas,
amedrontam como assassinos de almas,
desenhando minha própria face no abismo e em suas mãos 
àquela ampulheta, que em nosso criado mudo não se habitaria, 
esta programada ao cabo do que tem que ser.
Em meu quarto, usurpado, de adornos tristes quebro o tempo em dois. Cá estou sozinha, amedrontada e remoendo meus facetes.
Nasce o filho de minha senhora, prematuro, de cesariana, que mata seu próprio pai e o meu para ser o futuro Rei da Inglaterra.