E ELA ME DISSE TER VIRADO MACHO.

E ELA ME DISSE TER VIRADO MACHO.

 

 
 

 

 
Sim. Tudo acabou nem começando.
E, de gerúndio e gerúndio,
o tempo foi passando
e nada – rigorosamente nada-
foi o bastante
para o seu primeiro sorriso
acompanhar-lhe
concretamente.

 
Seria mais uma estória mal transcorrida
essa que aconteceu entre a gente,
se , somente se,
fossem de contos
que alimentássemos
nossas vidas...

 
Ela me disse ter virado macho,
e eu acho isso
uma bobagem descabida!

 
Senão, vejamos:

 
Onde ela esconderá aquela feminilidade
que, nela, arde como fogo?
Onde -por raios- ela esquecerá
as lingeries com strass,
sua pele e nuca vistas por detrás
dos véus que a acolhem?
E onde, finalmente,
serão obscurecidos
todos os brilhos de seu rosto ?

 

 
Particularmente acho um desperdício...
Abandonar o vício de ter nascido fêmea!
Não que, por mim, algo tema
no sentido lato
de ter sido um coadjuvante abstrato,
nessa viajem sem rumo,
sem lenço e sem camisinha.
Torço que ela encontre essa paz tão desejada,
e que ao se sentir sozinha,
não caia na armadilha comum
das comuns...
E que não prostitua seu legado -nunca mais-
com alguns
que só a amaram na superfície.

 

 
Ela me disse ter virado macho...
Queira o Cosmos que haja quem a condene,
ou, quem sabe, não justifique essas bobagens
em prol da relação periférica.
Pois seria uma burrice homérica
transformar aquele clitóris tão doce,
num cacetão, ou algo que assim fosse...

 
Adoro essa louca.
Mas assim, eu nunca mais poria a boca.

Ogro da Fiona
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