Quantas cartas escritas

Letra esmerada em papel de pão

Resposta nunca teve - uma só que fosse

Todas elas, o destino encontrou

A tempestade que traspassou a vila

Lembrava as donzelas da última festa

Nun canto retraido

A figura de um anjo

A luz fraca embalava o silencio

Uma gôta de sangue num cálice vazio

Perfume de vinho que embevecia a sala

Colher as uvas, antever o futuro

Ressurgir do nada e entregar o corpo

Rabiscar no chão de pedras

O amanhã das crianças.

 

 

 

 

 

Roberto D'ara
© Todos os direitos reservados