Esse tempo, que passa como vento
os anos longos se tornam minutos
e quando se chega algum momento
horas passam como se fossem vultos.
Implacável e sutil, se faz a chegada
marca dia, hora, não mede sofrimento
em um escuro entardecer, chega calada
e nos toma a vida em arrebatamento.
E você, meu pai, esperou o tempo inteiro
teve uma vida longa, e escolheu viver
e saiu apressadamente, mas sorrateiro
me deixando com tantas palavras a lhe dizer.
Nessa tarde, que se fez em agonia escura
Abandonou a convivência desse nosso lar
Dos últimos sentimentos, restou a amargura
essa dolorosa palavra que me fez calar.
Nós mortais minúsculos, nunca sabemos
quando chegam os momentos finais
e em nosso lamento, sempre queremos
ter apenas alguns minutos a mais.
Ainda tanto que eu queria lhe dizer,
e eu que não tive tempo para lhe falar
muitos momentos tínhamos para viver
mas você não me esperou desabafar.
Saiu com tanta pressa, e levando tanto amor
sem olhar pra trás, deu seu último adeus
silencioso pranto que abafou a minha dor
e levou-lhe para longe desses olhos meus.
Vai, meu pai! Sorri sem olhar pra trás...
deixando as lembranças de uma vida bonita
não esqueça que a morte, laços fortes não desfaz
e somente recordarás da vida que lhe é infinita.
Ao meu querido pai, que se despediu de nós, em dezembro de 2005João Pessoa, 07 de dezembro de 2005
Licença
Sob licença creative commons
Você pode distribuir este poema, desde que:
- Atribua créditos ao seu autor
- Distribua-o sob essa mesma licença