Balzaca Belzebu

 



Os pretos retintos das senzalas já diziam:
“Ela emudece o som do atabaque”.
E eu, imbecil que só,
Fiz oferendas,
Bati cabeça à beça,
E bebi aguardente pelo gargalo.

Dessa balzaca, que ora vos falo,
Só posso sentir uma puta saudade,
Pois já é passada a idade
Em que nós podíamos pular muros,
Ralar os joelhos
E entrelaçar os pelos
Pelos cantos apertados das cabines.

Essa personificação do Belzebu me redime de todos os pecados...


Afinal, quem é que poderia me ter ao lado,
Se metido dentro daquela vida
-meio pelos atalhos-
Juntei alhos e bugalhos
E imaginei viver
Uma utópica bigamia?


É...mano véio...
Conheci-a , ainda, guria,
E hoje vendo-a mulher feita,
Imagino como é que o tal Deus
Ainda aceita
Meus pedidos de perdão...
Logo eu, que nem sou cristão,
Que tenho apenas algumas moedas no bolso,
E que soluço insosso
Sempre que tomo um porre!


Ouvi dizer que um poeta nunca morre, sabia?



Ogro da Fiona
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