Certa vez me perguntaram
Como faço pra compor...
Se aprendi na escola
Se sou feliz no amor.
Se é infelicidade
Diga-nos também por quê!
Não é pecado indagar
O que o povo quer saber.
Você que sabe escrever
As coisas do coração!
Como é que se diz sim
E ao mesmo tempo não?
Muitas vezes até pensamos:
São simplesmente aventuras
Inventadas por você
Pra disfarçar amarguras.
Também vemos que a dor
É contada a toda hora
Que tamanha confusão!
Por que você rir e chora?...
Donde vêm tantas palavras
Bonitas e lisonjeiras?
E às vezes tão amargas
Que nos levam às ribanceiras!
Por quê? Diga-nos enfim
Se o poeta condiz
Com tudo que lhe rodeia,
Pois o povo sempre diz:
Que o vate sempre divaga
No abismo do etéreo
E às vezes se confunde
Com o eterno mistério.
Mistério da própria vida!
Que se lhe parece à-toa,
Quando ao mesmo tempo acha
Que ela parece boa.
Respondi: talvez eu saiba
O mistério que existe
No céu, na Terra, no mar
E em tudo que consiste.
A natureza tão bela,
Que dá vida, sobretudo,
Não somos nada sem ela,
Pois ela pra nós é tudo.
(...) Conto a vida que não sei,
Mas imagino na mente,
Sempre digo o que eu sinto
Ouvindo o que o povo sente.
Não sou nada sem o amor,
Mas não relego a ilusão
E tudo o que sei fazer
Emana do coração.
Às vezes sou inconstante,
Mas sempre estimo a prudência
Não ajo por bel-prazer;
Ouço a voz da consciência.
Se estou errado não sei,
Se estou certo, também não,
Mas falo tudo que posso
Ouvindo a voz da razão.
Finalmente eu asseguro
Que nem tudo está na reta
Não sou perfeito... Só Deus!
Sou simplesmente um poeta!
Autor: José Rosendo
Nazarezinho, 17 de fevereiro de 2006
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